Voar
Nunca foi um problema para mim. Voei pela primeira vez quando tinha seis anos. Nem me lembro. Foi um voo de mais ou menos oito horas até Cuba. Lembro-me vagamente de não conseguir dormir e ver o filme dos 101 dálmatas com a minha mãe. É tudo.
A segunda vez que voei foi no dia 6 de Agosto de 2015, quando vim para Londres. Depois disso, já viajei umas quatro vezes mais, todas ida e volta para Portugal. Até ter viajado em Setembro deste ano para a Coreia do Sul.
Nunca tive medo de voar até agora. Para mim voar até era algo satisfatório. A ideia de que uma coisa enorme como é o avião consegue levar uma quantidade imensa de pessoas dentro de si e voar pelos oceanos a tantos quilométricos à hora, sempre me fascinou.
Isto até ter apanhado um belo de um susto. E não, não me refiro a turbulência ou algo do género. O susto aconteceu quando ainda nem sequer tínhamos levantado voo. Já mencionei aqui o episódio, pelo que não o farei de novo, mas a verdade é que vou voar outra vez para Portugal daqui a menos de duas semanas e só de pensar em entrar naquele avião, dá-se me os calores.
Nem sequer as notícias me afectavam como o que se passou me afectou. Acho que sou mesmo daquelas pessoas que, até me acontecer a mim, não me afecta muito.
Não quero voltar a sentir aquilo que senti naquele avião, nunca mais. Mas a possibilidade de tal acontecer existe. E se desta vez não são criminosos a serem deportados e forem mesmo terroristas?
É esse o pensamento que não me sai da cabeça. Este mundo anda doido e eu como testemunhei isso em primeira mão, em doida ando a dar...