Tenho de admitir: perco a paciência
Às vezes não tenho paciência. Não tenho. Chego a casa de bom humor e esse bom humor é-me roubado. Chego ao sítio que devia ser o meu ponto de abrigo e não o sinto como tal. Ás vezes penso em como seria bom morar sozinha, sem ter ninguém a mandar abaixo aquilo que tanto me custa a construir: uma atitude positiva.
É difícil ser-se positivo quando se está rodeado de tanta negatividade. Dizem que a solução é afastar-nos das pessoas que carregam consigo essa negatividade. Mas eu não me posso afastar dos meus. Mas ás vezes é o que me apetece fazer. Mandá-los calar, dizer-lhes para deixarem de ser assim. Afinal de contas, estamos todos no mesmo barco. Não estamos é todos a remar para o mesmo lado e é aí é que está o problema.
É natural que todos nós tenhamos dias menos bons, eu própria os tenho. Não sou a pessoa mais positiva à face da terra, mas também já não sou a pessimista que era (ou assim gosto de pensar). Mas torna-se cansativo ter de lutar contra isto todos os dias.
É que eu sei o porquê, eu entendo o porquê e aceito-o. Mas não podemos fazer magia. Não podemos fazer nada senão esperar que um dia destes o emprego do meu pai deixe de ser "ir a entrevistas". Até lá, temos de manter ao máximo a esperança e uma atitude positiva. Porque senão é mais complicado.
Às vezes as pessoas esquecem-se de que não são as únicas que sofrem, que têm razões para se queixar. Eu tenho; várias. Mas escolho não o fazer, pelo menos não com tanta frequência e facilidade como fazia antigamente. Recuso-me a deixar cair de novo no buraco para o qual me arrastei há um ano. Um buraco escuro e fundo, cheio de negativismo, de mágoa, de desanimo.
As coisas estão más mas nós só fazemos pior se assim escolhermos.
E eu escolho não o fazer. Pelo menos não todos os dias. Infelizmente não posso escolher pelos outros. E claro, os nossos, a forma como eles se sentem e agem, acaba sempre por nos afectar também a nós. Eu tento compreender e consigo fazê-lo quase sempre.
Mas depois, nos dias em que como o de hoje falta esse "quase", não consigo.
E perco a paciência.