Comecem a construir os bunkers
Já tenho as pás e a madeira para começar a construir um bunker.
Como alguém que é emigrante no Reino Unido, sinceramente, já estava à espera deste resultado. Depois do Brexit, a esperança já era pouca. Contudo, até ao ultimo segundo, desejei com todas as forças que o que aconteceu não acontecesse.
Claro que aconteceu. O pior da humanidade está a vir ao de cima e já não há forma de o parar.
Para as pessoas que dizem "Porque é que está toda a gente a panicar com isto? Nem é o nosso país!", pois bem... O Reino Unido também não é o meu país, mas o Brexit afectou-me e afectou Portugal e afectou todos os outros países à volta dele.
Porque não estamos sozinhos neste mundo, muito menos sozinhos na política, este acontecimento vai virar o mundo do avesso.
Depois de o Brexit, eu fui gritada e quase agredida nas ruas e no autocarro por falar em português com amigos meus. E isto é só um exemplo da força que a escumalha deste mundo ganha quando revigorados por gente maluca que sobe ao poder.
Há quem diga que o Trump é a escolha certa porque ele diz aquilo que muita gente quer dizer mas que tem medo. Isso é mentira. Ele é a representação da escumalha que existe neste mundo, e que nós já sabíamos que existia mas que agora ganhou asas para voar.
E nós caímos todos. Não sei como serão estes próximos quatro anos, mas as previsões não nada boas. Cada vez mais o mundo em que desejava crescer e envelhecer se transforma num pedaço de lixo que tresanda e me dá vómitos cada vez que abro os olhos de manhã.
Como emigrante num país que não o meu, eu sei. Eu sei o quanto lhes vai doer. E vai doer a nós também. É só uma questão de tempo.
Chamem-me radical, dramática, o que quiserem. Mas o que é certo é que quando pessoas como o Trump tomam posse de recursos como bombas nucleares, o mais certo é haver uma guerra mundial.
Os Maias não estavam completamente errados à cerca do fim do mundo. Só a data é que lhes saiu um bocadinho ao lado.