Montanha-Russa
Sou uma montanha-russa.
Por vezes encontro-me a subir, entusiasmada com a chegada ao topo. A sensação de borboletas na barriga que é tão cliché, mas bem real. A ânsia de saber que a sensação de estar no topo é boa; é óptima. A ânsia de a querer sentir. As mãos suadas da excitação, o coração a palpitar de tal forma que o oiço bater, pumpumpum, nos meus ouvidos, ressoando na minha cabeça. A mesma, a cabeça, pesada, talvez por causa da pressão, talvez por ir subindo, alto, cada vez mais alto.
E depois encontro-me no topo. Que sensação! Mas dura pouco, tão pouco. Sinto-me viva, eléctrica, em êxtase. Quero gritar com todo o ar que tenho em mim, gritar do topo o quão feliz estou. Quero ficar um pouco mais, prolongar o sentimento, prolongar a adrenalina, prolongar a sensação de estar cheia. Cheia de vida, cheia de sorrisos, cheia de risos, cheia de felicidade.
Mas depressa começo a descer. Sinto o meu corpo a ser puxado para baixo, a sensação no estômago outra. Nauseada, não grito, pois se abrir a boca sei que vou acabar por vomitar. Talvez vomite as entranhas, o coração, ou talvez vomite a felicidade que não me pertencia; momentânea. Uma ilusão.
Estou a descer e sei, que durante um bom bocado, não vou voltar a subir. Mas depois, como se de magia se tratasse, avisto outra subida.
E a viagem repete-se.
Sou como uma montanha-russa. Ando, aos altos e baixos, dou voltas e mais voltas, sinto tudo e não sinto nada. Não saio de onde estou e assim vou andando. De montanha-russa.