As pessoas esforçam-se. Empenham-se e trabalham afincadamente em algo. Despedem tempo do seu dia para fazer algo de corpo e alma, enquanto têm outras coisas igualmente (ou mais) importantes para fazer. Suam, cansam-se, enervam-se e quase têm um ataque de coração.
Depois há umas almas penadas que fazem troça do trabalho, esforço e suor dos outros. Divertem-se com isso. Sentam-se na primeira fila e lançam risadas para o ar, rolam os olhos e fazem comentários nada construtivos entre si. Não sabem apreciar nada. Não sabem dar valor a nada. Para eles o que interessa é que têm de ir fumar o cigarro das cinco da tarde. Para eles o que interessa é que têm de ir decidir o que vão vestir no dia seguinte. Eles querem lá saber que aquelas pessoas que ali estão à frente deles, trabalham e se preocupam em fazer algo minimamente com pés e cabeça, para os entreter a eles, que não querem ser entretidos.
Esta malta tem falta de interesse, não é falta de oportunidades. Não se interessam por nada. E fazem troça dos que se interessam. É por isso que este mundo está como está. Está tudo ao contrário; tudo do avesso. São estas pessoas o futuro do nosso país, do nosso mundo. Aquelas que se interessam e trabalham também. Mas os que vão gozar com o trabalho dos outros para a primeira fila também fazem parte do molho de pessoas que daqui a uns anos vai andar aqui a contaminar um mundo já muito contaminado.
É que não têm interesse POR NADA! É-lhes apresentado uma peça, uma dança, uma canção, coisas que demoram tempo e empenho a serem preparadas. Ou eles pensam que as coreografias nascem do ar? Que não são as pessoas que puxam pela cabeça e criam algo que seja bonito, fluido, divertido de se ver? Ou que as pessoas não treinam as canções que vão cantar ou que não ensaiam a peça que vão representar?
Pergunto-me o que é que aquela gente tem no lugar do cérebro. Pergunto-me se alguma vez virá a ter algo mais do que ar. É tão triste. Tão triste e desmotivador ver que nesta geração, há muitas pessoas que se estão a borrifar. Não querem saber.
Mas o pior não é o não quererem saber. É desrespeitar o trabalho de quem quer. É que vão para a primeira fila rirem-se e gozar, ocupando o lugar de pessoas que poderiam estar realmente interessadas.
Cada vez mais me convenço de que nasci na geração errada, na época errada. Estas alminhas são tão tristes que me entristecem. Fico triste porque queria mesmo que estas pessoas se interessassem por algo mais para além do namorado da amiga que terminou o namoro com ela, ou com o Manuel que não lhe deu um cigarro naquela manhã, então ficaram chateados. Mas estamos aonde minha nossa senhora?
Que mundo é este em que vivo em que estas pessoas não querem saber de nada e ainda desrespeitam os que querem?
Há coisas que me ultrapassam. Esta é só uma num mar de muitas outras.