O segredo
Eu vou-vos contar o meu segredo.
Todos os dias, por volta das 15h da tarde, o Sol bate aqui à porta da loja. Mesmo quando chove, ele arranja maneira de aparecer aqui. Eu levanto-me e encosto-me à ombreira da porta. Fecho os olhos.
O Sol aquece-me o coração frio e a alma solitária. O vento fustiga-me os cabelos e traz-me o ar que parece faltar-me cada vez mais.
Fico assim, imóvel, a absorver todas as sensações sem me importar com os olhares dos estranhos que por aqui passam.
Não falo, não atrevo a abrir os olhos e durante 15, 20 minutos, sou feliz. Longe daqui, deste sítio que todos os dias parece consumir um bocado de mim. Deixo-me transportar para um lugar onde sou feliz.
O Sol acaba por se esconder. O vento acaba por ser tanto que traz consigo folhas e poeira, deixando de ser puro.
Eu volto para dentro.
E é assim que me aguento.