De volta à corrida
A Vida dá-nos muitos desafios aos quais, no inicio, nós pensamos estar à altura. Ou pelo menos, falando por mim e na minha situação actual, a Vida deu-me um desafio que eu julguei ter capacidades para levar em frente.
Custa-me dizer que estava enganada.
Há muitos desafios na Vida que nós não vamos ser capazes de os cumprir. Só que eu ainda não me habituei a esta ideia. Sair de um mundo onde a única preocupação que tenho é se vou ter 15 ou 15,5 no teste de Português para um mundo onde isso nem sequer existe mais, é complicado.
E eu julguei-me capaz de tal. E ainda continuou a julgar-me - só que não neste meio especifico aonde, por sorte, fui calhar.
Com o passar dos anos, tenho aprendido muito sobre mim mesma e se há lição que já tenho mais que sabida sobre a minha pessoa é que eu odeio dar parte fraca, desistir de algo ou alguém. Porque isso custa-me imenso. Virar costas a algo ou alguém é pior do que muita coisa que eu possa imaginar. No entanto, estou a aprender que tenho de saber os meus limites, coisa que me custa muito aprender e interiorizar.
Outra coisa muita má (ou boa, dependendo da perspectiva) da minha pessoa é que sou uma perfeccionista naquilo que faço, seja o que for. E como tal, espero IMENSO de mim. Sempre fui assim. A pressão que havia, existia porque eu a punha a mim mesma.
Isto tudo prende-se ao facto de que hoje, tive de tomar uma decisão muito difícil. Dar um passo atrás, parar e pensar: "Será que vale a pena continuar por este caminho por onde me fui meter?"
Cheguei à conclusão de que não. Porque nada vale a pena o deterioramento da minha saúde. Porque nada vale a pena pôr em questão a minha integridade, o meu empenho, o meu esforço e a minha essência.
Hoje tive de fazer uma das coisas que mais me custa fazer na Vida - tive de desistir. Porque acima de tudo sou humana, tenho 18 anos, experiência nenhuma no mundo do trabalho e tenho de saber onde estão os meus limites.
Esses, atinge-os hoje. Como tal, tive de parar, dar o tal passo atrás, reflectir, e começar a virar-me noutra direcção.
Hoje passei o dia todo a chorar - por dentro, depois por fora, agora por dentro novamente. Porque desistir para mim é dizer ao Mundo que eu sou fraca - e dói ter, neste momento, de desempenhar este papel. O de fraca, de desistente.
Mas ou é isso ou ir parar ao Hospital no final da semana. E isso não posso deixar que aconteça (de novo).
Sei que há empregos bem piores, sei que há pessoas em situações muito piores, pessoas que trabalham horas e horas e horas e não vêm um tostão ou reconhecimento a mais por isso. E a todas elas só quero dizer que vos admiro imenso e que um dia quero ser como vocês.
Mas hoje, ainda sou só eu - Alexandra, 18 anos, com um sonho no coração e uma vontade grande de o alcançar.
No entanto, há outros meios de o conseguir sem ser consoante aquele em que estou agora.
Por isso e por muito que isto me esteja a matar, atiro o pano ao chão.
Choro o que tenho para chorar e amanhã volto ao inicio - coloco-me em frente a um outro caminho longo e volto a dar corda aos sapatos, nesta corrida a que chamamos encontrar trabalho.