Darkness (ou coisas que são escritas quando se sofre de insónias)
Ás vezes gostava de poder fugir. Agarrar no meu casaco e sair. Fechar a porta e não olhar para trás. Gostava de poder correr livremente pela rua abaixo, não porque estou a correr na direcção de algo ou porque estou a fugir de algo, mas simplesmente porque quero poder sentir o ar frio deste Inverno sem fim na minha pele.
Ás vezes quero gritar. Gostava de poder gritar. Correr durante muito tempo, cansar as minhas pernas de tal forma e negar ar aos meus pulmões ao ponto de não conseguir respirar. Correr durante tanto tempo e a tanta velocidade, que acabaria num lugar muito longe, sozinha. Sozinha, para que pudesse gritar, um grito que viria do lugar mais fundo e obscuro do meu corpo. Um grito que me deixaria muda, incapaz de falar.
Ás vezes gostava de não ter de falar. Ou ouvir. Ás vezes só quero existir. E outras vezes, apenas quero que toda a gente não exista.
Ás vezes quero estar sozinha. Tão só que possa sentir essa solidão em todos os ossos do meu corpo.
Estou cansada do barulho. Estou cansada das cores. Estou cansada do movimento.
Ás vezes desejo pelo escuro, pela completa escuridão. Preto. Não branco e preto, não a cores. Preto.
Escuridão. Ás vezes desejo por ela.
Outras vezes, torno-me nela. Afundo-me nela. Sou ela.
Escuridão.