Cá estamos
Continuamos.
Terça-feira fará um mês desde a última vez que sai de casa. Como tantos outros, há muito que me preocupa. Há muito que me aflige e há muito que me pesa no peito.
Tenho saudades de tudo e de todos. Até daqueles que não conheço tenho saudades, até dos sítios no meu país aonde nunca fui, tenho saudade. A semana agora até passa relativamente depressa, visto que me encontro a trabalhar por casa. Mas não é a mesma coisa.
Como muitos outros, não vejo os meus amigos à 1 mês. Não vou poder celebrar o aniversário da minha avó com ela. Quem sabe se vou poder celebrar o meu, em Maio. Sinto um aperto cada vez maior no peito e, como muitos outros, tento de tudo para o aligeirar. Umas vezes funciona, outras nem por isso.
Mas continuamos. Porque não temos outra escolha. Não podemos baixar os braços agora. Não podemos atirar a toalha ao chão. A verdade é que a esperança de que chegue o dia em que abro o blogue e em vez de escrever "Cá estamos" e "Continuamos", escreverei "Conseguimos", é o único alento que tenho. Porque cada vez mais me custa ouvir todo um mundo lá fora e eu, fechada no meu, aqui dentro.
O meu mundo era reconfortante, um escape quando o mundo lá fora se tornava demasiado. Mas agora, o meu mundo é um lugar que, se eu não tiver cuidado, me puxará para baixo de tal forma, que não sei como me voltarei a erguer.
E no fim de tudo isto, e de forma egoísta, tenho adormecido a pensar nas saudades que tenho de quem me deixou. E de quem eu deixei ir. Porque sei que quando tudo isto terminar, e eu voltar ao mundo lá fora, tu não vais lá estar. E depois pergunto-me, num momento de total insanidade:
Será que quero voltar ao mundo lá fora?
Querer quero. Mas se calhar não irá ser o mesmo sem ti.
Mas cá estamos.
Continuo.