A minha praia
Ontem, antes de ter ido de cara ao chão, vinha na camioneta a ouvir música, quando me começam a surgir certas palavras na cabeça. Quando dou por mim, elas estão a rimar. Depois, começo a perceber o que elas significam e do que falavam. Depois juntei-as e formei uma espécie de poema. EU. A escrever poemas. Logo aí devia ter sabido que algo no dia de ontem não estava bem. Eu não escrevo poesia. Não é que não goste, simplesmente não acho que tenha jeito. Mas quando vi aquele sol a brilhar na minha direcção, lembrei-me da minha praia. E escrevi sobre ela. E rimei.
Tenho saudades
Saudades dos passeios que dava à tua beira
Da textura da tua areia
Do teu ar puro
Que eu queria apenas inspirar, inspirar, inspirar.
Tenho saudades do teu sol
coberto
Daqueles dias amanhecidos
desertos
Saudades do sorriso que me oferecias
E da alegria que sentia
Saudades de sentir o gelo dessas tuas águas
Os ossos gelados, o coração quente
Tenho saudades
Saudades da minha praia
E do tempo em que tudo era
Simples.
Diferente.
Eu não sou poeta. Isto veio-me à mente enquanto estava sentada na camioneta, enquanto me encaminhava para a minha queda, sem o saber. Não tem uma estrutura nem muita coisa que rime. Mas fala de um sítio muito especial para mim, um sítio onde cresci, um sítio que fez e que ainda faz parte de mim. Um sítio onde eu espero poder, um dia, vir a viver. O meu sítio.
A minha praia.