Por vezes perdemos o fio à meada.
Perdemos o nosso alento, a nossa motivação.
Por vezes, damos connosco a questionar-nos: "Para que é que isto me vai servir? Porque estou a fazer isto?"
Por vezes a vontade de desistir, de baixar os braços e dizer: "Já chega", é maior do que qualquer outra coisa.
Hoje em dia principalmente, isto acontece-nos com mais frequência.
Muitas vezes dou comigo a pensar no porquê de me matar a estudar para um teste de psicologia, onde vou ter de falar sobre a filógenese e ontógenese, se depois não me vou lembrar sequer de como raio se pronunciam estes nomes. Dou comigo a pensar no porquê de chorar quando erro, quando tenho uma nota mais baixa, quando não consigo corresponder às minhas expectativas.
Valerá a pena? É a pergunta que mais me ocorre nos últimos tempos...
Valerá a pena o esforço, o trabalho, as lágrimas e o suor? O tempo investido, as dores adquiridas, as noites mal dormidas, os dias perdidos?
Se sim, quando?
No final deste ano lectivo, se conseguir acabar o secundário com a média que desejo e com boas notas nos exames?
Quando estiver a ser praxada, seja lá quando isso for?
Quando estiver a sair de casa fardada, pronta para enfrentar o primeiro dia de trabalho?
Há pessoas que têm uma certa dificuldade de ver para além do hoje, do agora.
Agora a minha vida é assim, e como tal, vai ser sempre assim.
Agora estou no secundário, não tenho possibilidades de ir para a faculdade, não tenho um objectivo concreto.
Agora, Agora, Agora.
Então e o amanhã? Não existe, ainda, é verdade.
Mas sabemos que ele é provável de se vir a tornar no Agora de que tanto parecemos gostar.
Por vezes desistimos demasiado facilmente, sem pensar em como o que decidimos Agora, vai-nos pesar tanto Depois.
Eu sei que é difícil, que é complicado manter a chama da esperança acesa em tempos difíceis como estes que vivemos.
Eu própria duvido de mim, do meu Agora, do meu futuro, muitas vezes...por vezes, até demais.
Mas recuso-me a aceitar que a vida é só isto.
Recuso-me a conformar-me com esta vida sem sabor.
Quero mais. Quero tudo.
Muitos dizem ser esse o meu maior defeito: sonho muito, em demasia.
E depois, dizem-me eles, a queda é demasiado grande.
Eu sei o quão alto sonho. Eu própria muitas vezes tenho medo de mim, desse meu defeito.
Mas se não forem os meus sonhos a moverem-me, quem o faz?
Se não for a esperança, aquela pequena labareda acesa no recanto da minha alma que me diz, dia após dia, batalha após batalha, para eu continuar, para eu não desistir...quem o faria?
Se eu não acreditar que posso ter tudo aquilo com que sonho...então que ando eu aqui a fazer?
Limito-me a existir?
Recuso-me a tal limitação.
Não quero sobreviver.
Quero viver.
Quero ver o mundo, viajar, conhecer, aprender, quero ser algo grande, alguém grande.
Recuso-me a ser apenas mais uma alma perdida a divagar neste mar de gente que nada tem para oferecer ao mundo, muito menos para receber dele.
Não serei só mais uma neste mundo de muitos.