"Afinal a melhor maneira de viajar é sentir"
Álvaro de Campos, pseudónimo de Fernando Pessoa
Ela esperou e esperou e esperou.
Nada aconteceu.
Sentada no baloiço da sua varanda, com o vento a fustigar-lhe os cabelos, ela perguntou-se:
"O que é que eu tenho de fazer para fazer com que ele volte?"
No entanto, não obteve resposta. Nem do vento, nem de si, nem dele. Apenas o silêncio lhe respondia, agudizando a dor que se tinha começado a formar dentro do seu peito naquela manhã.
Tinha lido algures que "A melhor maneira viajar é sentir". Então porque é que ela se sentia presa aquele sítio, como se estivesse de facto fisicamente amarrada a ele?
Ela sentia.
Oh se sentia. Sentia em demasia.
Então porque não viajava ela para bem longe dali? E porque não o levava com ela?
Sentir só é a melhor forma de viajar quando o sentimento é bom.
Caso contrário, sentir é só sentir.
A dor é só dor.
A saudade é apenas saudade.
E o medo é, só e apenas, medo.
Medo de sentir para sempre e de nunca chegar a viajar para lado algum.