Tempestade humana
Como esta tempestade, assim sou eu. Revolta, furiosa, ansiosa por me libertar, por me fazer ouvir, por me fazer notar. Como a chuva, assim sou eu. Ora miúda e discreta, ora monstruosa e impossível de ignorar. Como os relâmpagos que cobrem o céu previamente azul, assim sou eu. Primeiro aviso. Surjo como uma luz inesperada a rasgar os céus. Depois ataco. Faço barulho, assusto os mais fracos e desapareço tão depressa como surgi.
Como este vento, assim sou eu. Voo, solta por entre as árvores, sem saber bem para onde vou. Voando apenas, soprando apenas na esperança de que um dia possa descobrir em que direcção deva soprar com mais força.
Para que um dia possa saber onde devo amainar, instalar-me e dar a minha missão por terminada.